O Banco Central (BC) estuda implementar, em fases, um novo modelo de financiamento da casa própria a partir de 2026. A proposta busca modernizar o uso dos recursos da poupança no crédito imobiliário, estimulando maior oferta de financiamentos com taxas mais acessíveis.
Como funciona hoje
Atualmente, a divisão dos recursos da poupança segue esta lógica:
- 65% são obrigatoriamente direcionados ao crédito imobiliário;
- 20% ficam retidos no BC como depósito compulsório;
- 15% podem ser aplicados livremente pelos bancos.
Esse modelo garante recursos, mas limita a flexibilidade dos bancos.
O que muda com o novo modelo
Pela proposta do BC:
- A cada financiamento habitacional concedido, o banco ganharia acesso ao mesmo valor em recursos da poupança, para usar livremente por 5 anos.
- Passado esse prazo, o banco precisaria conceder novo crédito para renovar esse benefício.
- A expectativa é que isso aumente a concorrência, reduza os juros e amplie o volume de crédito para a casa própria.
Na fase inicial (2026), apenas parte do compulsório seguiria essa nova lógica. A porcentagem ainda não está definida, mas estima-se algo em torno de 3% da base de cálculo.
Etapas de transição
- 2026: Período de testes, com parte dos recursos retidos liberados para a nova dinâmica.
- 2027: Modelo já amadurecido, com possibilidade de aplicação integral.
Nesse período, operações como as do Fundo de Compensação de Variações Salariais (FCVS) perderão gradualmente peso na contabilidade do direcionamento, exigindo que os bancos fechem mais contratos de financiamento habitacional.
Impacto esperado
Simulações do governo indicam que o volume de crédito imobiliário pode dobrar em dois anos, saltando de R$ 90 bilhões para R$ 200 bilhões.
Segundo o presidente do Secovi-SP, Ely Wertheim, a proposta moderniza o sistema sem rupturas bruscas:
“A expectativa é que haja mais recursos para crédito imobiliário, com custo menor, mas sem cavalo de pau. Os efeitos serão monitorados pelo BC e pelo setor.”
Ele reforça que os bancos terão a obrigação de destinar os valores liberados ao financiamento habitacional.
Regras em discussão
- O Ministério das Cidades defende limite de juros em 12% ao ano + TR, para imóveis de até R$ 1,5 milhão (mesmas condições do SFH).
- O BC, por outro lado, prefere não impor um teto de juros, permitindo maior flexibilidade ao sistema.
- Existe ainda a proposta de corrigir, por um índice inflacionário, o valor máximo dos imóveis enquadrados no SFH, hoje fixado em R$ 1,5 milhão, considerado defasado pelo setor.
O que isso significa para o mercado
Com mais recursos liberados e possibilidade de juros menores, a expectativa é de:
- Mais crédito disponível para compra da casa própria;
- Estímulo às construtoras e incorporadoras;
- Facilidade para aquisição de imóveis novos e usados, além de parte destinada a imóveis comerciais.
O presidente da Câmara Brasileira da Construção Civil (CBIC), Renato de Sousa Correia, reforçou que o período de testes em 2026 será essencial para ajustes, garantindo segurança na implementação do novo modelo.
Para mais detalhes entre em contato com kz.imoveis.com.br